O Dia Internacional da Felicidade, criado pela ONU e celebrado desde 2013, em 20 de março, cumpre muitos papéis. Um deles é trazer visibilidade para a Ciência da Felicidade, área fascinante que vem desafiando as pesquisas acadêmicas com sua transdisciplinaridade. Ao mesmo tempo que é complexa por natureza, assim como o ser humano, seus resultados em geral são muito práticos, indicando como podemos atuar deliberadamente em prol da nossa felicidade.
Se na filosofia grega a felicidade de Platão e Aristóteles pode soar como intelectualismo, para desavisados, hoje, vemos que essa é uma área que está aproximando universos: as emoções, com a psicologia; a atividade cerebral, com a neurociência, e desenvolvimento socioeconômico e sua relação com a natureza, ou seja, uma economia da felicidade.
Difícil escolher um único aspecto para falar nesse dia e mês dedicado ao tema, em que vemos, com alegria, a imprensa, as empresas e as redes sociais recheadas de conteúdo sobre a felicidade. E quem acompanha a área sabe que isso tudo é só a ponta do iceberg das descobertas. Eu realmente acredito que o estudo da felicidade é um caminho dos mais promissores que a ciência humana está percorrendo para, no futuro, compreender que somos muito mais que matéria.
A ciência da felicidade já contempla, em seus modelos, nossa dimensão espiritual (e não religiosa) como algo que traz sentido e significado para a vida. Pesquisas mostram que quem vive com sentido e significado – seja por meio da religião, filosofia ou espiritualidade livre, desde que saudável e com equilíbrio – caminha muito melhor nas adversidades da vida. Mas isso é assunto para outro texto, já que muito me interessa a intersecção da espiritualidade livre com a ciência da felicidade.
Como eu gosto de ser e viver, um pé bem fincado na terra e outro no hiperespaço.
Dessa vez, para marcar mais um 20 de março, trago uma dica de leitura da mais pura ciência que deu origem a muito do que vemos hoje acontecendo no mundo do trabalho e na academia. A dica é o livro O Jeito Harvard de ser feliz, de Shawn Achor, e seus sete princípios para o benefício da felicidade. Achor é professor de Harvard, da área de psicologia, e, em 2006, foi convidado pelo também professor Tal Ben-Shahar para ministrarem a primeira disciplina sobre felicidade na Universidade, com base nas descobertas da psicologia positiva.
“Ser feliz não é acreditar que não precisamos mudar, é perceber que podemos.” (Shawn Achor)
E das muitas experiências que o livro traz, vamos aos 7 princípios que podem e devem ser aplicados na nossa vida diária:
1 – O Benefício da Felicidade – Achor explica que o cérebro positivo possui uma vantagem biológica concreta em relação ao cérebro neutro ou negativo, portanto, retreinar o cérebro para atitudes positivas melhora sim a nossa produtividade e desempenho.
2 – O ponto de apoio e a alavanca – “Este princípio nos ensina como podemos ajustar nossa atitude mental (nosso ponto de apoio) de maneira a nos dar o poder (a alavanca) para atingirmos a realização e o sucesso.” Ou seja, a nossa interpretação da realidade altera a nossa experiência. Ressignifique fatos.
3 – O efeito tetris – “Quando o cérebro fica preso a um padrão que foca o estresse, a negatividade e o insucesso, nos condicionamos ao fracasso.” Aqui o trabalho é identificar padrões e então atuar nas mudanças, em especial com otimismo e gratidão.
4 – Encontre oportunidades na adversidade – “Diante da derrota, do estresse e da crise, o cérebro mapeia diferentes caminhos para nos ajudar a sobreviver às adversidades.” Esse princípio diz que sempre podemos deliberadamente ver o lado bom das coisas.
5 – O círculo do zorro – “Quando nos vemos em dificuldades e nos sentimos sobrecarregados, nossa lógica cerebral pode ser dominada pelas emoções.” Como diz o ditado: vamos por partes! Sim, aqui a dica é: primeiro, estabeleça metas pequenas e factíveis.
6 – A regra dos 20 segundos – A neurociência já mostrou que nossa força de vontade é limitada e rapidamente voltamos a velhos hábitos e ao caminho da menor resistência. Sabe aquela estratégia de fazer marmitas saudáveis pra semana toda e não sucumbir àquele fast food prático no almoço? É sobre isso!
7 – Investimento social – “Diante de dificuldades e estresse, algumas pessoas escolhem se isolar e se retirar para dentro de si mesmas.” Mas as pesquisas mostram que bons relacionamentos (de toda ordem) são os maiores preditivos de uma vida feliz e longeva.
Os 7 princípios são muito práticos e no livro Achor traz exemplos de como ele mesmo, seus alunos e profissionais das empresas que atende aplicam no dia a dia. Essa é a beleza da ciência da felicidade, ancora atitudes na sua vida concreta hoje, e não em um futuro a ser alcançado.
No próximo texto seguiremos essa trilha…
Até mais!
Grazi Gotardo
“Todos nós podemos experimentar plenamente o Benefício da Felicidade, se nos empenharmos nele o suficiente. Lembre-se de que a felicidade é mais do que apenas um estado de espírito – ela requer prática e empenho.”(Shawn Achor)
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