Uma conversa aberta entre Juliano Pozati e Letícia Zanini, ambos coachs certificados pela Gallup Institute, sobre a matéria apresentada no Programa Fantástico, que questionou a qualidade desses profissionais
No #PapoSolto dessa semana Juliano Pozati conversou com Letícia Zanini, psicóloga, empresária e coach certificada pela Gallup Institute sobre a matéria apresentada no Fantástico, dia 10 de janeiro, sobre a profissão de coach. A reportagem levantou questionamentos sobre a qualificação desses profissionais. Nessa conversa, Pozati, que também é coach certificado pela Gallup, traz alguns pontos para debater com Letícia, que atua na área desde 2012.
Letícia é enfática sobre a profissão: “Eu digo que se a pessoa ainda acha que coaching é “fuleragem” talvez você precise rever a sua referência das pessoas que conhece. Eu tenho plena confiança no que estudei”.
Pozati avalia a diferença entre o processo de coaching e uma terapia: “Quando eu olho para o coaching eu vejo muito mais um profissional de planejamento, execução e acompanhamento do que um terapeuta, porque o coaching, em verdade, é uma assessoria de planejamento. Mas quem está na boleia do caminhão, pilotando a própria vida, é o cliente”.
Destacamos aqui algumas colocações da Letícia, em texto e, logo abaixo, você tem o vídeo na íntegra desse papo cheio de conhecimento.
>>Fragmentação do coaching no Brasil
Letícia Zanini – Essa foi a primeira pergunta que me fiz desde a primeira formação em coaching. Porque se é uma metodologia, serve para tudo. Mas, aqui no Brasil, temos coach para vida, negócios, sexo, etc… E isso é um mercado enorme, as escolas perceberam que tinham um grande nicho, muita grana rolando por trás, fragmentaram e foram vendendo. Mas se eu, como psicóloga, tendo uma bagagem de comportamento, fiquei com muitas interrogações, imagina quem não é? E isso vira uma grande bagunça.
Na matéria do Fantástico tinha um cara que se denominou “cafajeste” com orgulho e disse que essa experiência fez com que ele atuasse como coaching. Tem muita “fuleragem” no meio de gente muito séria. E isso chega em pessoas muito fragilizadas, a espera de um milagre.
Eu acredito muito no método, ele funciona, mas é só um método, é neutro, não faz nada sozinho. A questão é o que se faz diante das ferramentas que a gente coloca na caixa de ferramentas. Grandes empresas e profissionais utilizam o método. Estou no mercado desde 2012 e nunca tive problemas. Não que eu seja a melhor, mas existe profundidade e responsabilidade naquilo que faço.
>>Quando é coaching e quando é psicoterapia
Letícia Zanini – As práticas de profissionais despreparados começam a deixar vários pontos de interrogação em quem não tem o conhecimento. Em função disso, alguns colegas nem falam mais que são coach, mas não vejo problema, pois é nossa missão mostrar o outro lado da moeda. Mostrar que o que eu conheço é baseado em evidência e ciência.
Trabalhar crenças limitantes, por exemplo, como foi mostrado na matéria do Fantástico, é algo muito profundo, existem inúmeros tipos de crenças e estão vinculadas ao pensamento automático, tem origem na psicologia cognitiva comportamental. E, por isso, que muitos não oferecem resultados, pois entram numa seara que não têm densidade de entrega. Eu, que sou psicóloga, não trabalho com essa orientação para crenças, estou muito mais no caminho do planejamento, carreira e competências de liderança, porque eu nunca trabalhei com psicologia clínica.
>>Sociedade automatizada e técnicas corporativas
Letícia Zanini – Nossa vida é uma repetição de padrão de comportamento. Se posso dar um conselho para o futuro é: viva no presente! Pois é quando a gente tem consciência e clareza do que a gente faz e isso é um convite para escolher caminhos diferentes.
Sobre o engessamento de técnicas corporativas aplicadas para pessoas, precisamos pensar que empresa é papel, não tem emoção, sentimento, o que tem tudo isso é gente, e gente é complexa demais para que uma ferramenta caiba em todas essas digitais únicas que existem no mundo. Coaching é uma possibilidade, não serve para todos, não vai resolver todos os problemas, é um caminho que pode gerar mudança e transformação.
>>Experiência no mundo corporativo
Letícia Zanini – Ao longo da carreira, muitos executivos colocam para baixou do tapete o bem-estar, felicidade e família e vão morrer por um salário. Os que não morreram, literalmente, começam a trazer questões psicológicas, porque se dão conta e perguntam? o que eu fiz com outros “pratos” da minha vida? Algumas pessoas dão ênfase apenas para uma área.
O movimento que o mundo tem feito e toda essa explosão de conhecimento e liberdade de expressão está fazendo com que muitos falem disso e se coloquem como vulneráveis. Mas ainda muitos dos meus clientes vem aqui para falar disso, porque não é permitido falar abertamente sobre essas situações em ambientes de CNPJ.
Por outro lado, por que a AMBEV criou um cargo de diretor de saúde mental? Tem muita coisa acontecendo por aí. A gente quer se sentir parte de um processo, usar os talentos para fazer alguma coisa no mundo.
>>Dica de Livro da Letícia
- Morrendo por um $alário, de Jeffrey Pfeffer (Editora Alta Books; 1ª edição (8 julho 2019)
E aqui a conversa na íntegra, em vídeo:
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