Há muitos anos que eu tenho crises de final de ano com a música da cantora Simone no final de cada ano: Então é Natal, e o que você fez? Mas esse ano resolvi olhar essa crise de frente e quando olhei para nosso ano aqui no Círculo…
Começamos com a realização de um sonho de ter uma sede física, fizemos Congresso Yeshua, eu lancei três livros, lançamos o Clube do Aluno, nosso streaming que já tem mais de três mil assinantes, fizemos um Congresso incrível no meio do ano com arrecadação para a Casa do Consolador, tivemos novas turmas dos cursos Introdução à Exoconsciência; Saúde, uma escolha do espírito; Autoconhecimento e Espiritualidade; Jornada de Talentos e novos cursos como o Competência Comunicativa, além de cursos abertos, como Escola de Mistérios, produzimos muito conteúdo exclusivo para o Clube do Aluno como Filhos da Luz, Números não Mentem, Trilha Xamânica… UFA…E daí?
Claro, a gente sabe e recebe muito feedback dos alunos sobre os impactos positivos e transformações que nosso conteúdo traz para a vida de vocês! E aliás, isso nos alimenta muito a continuar.
Mas ainda assim, sigo com o: e daí?…na minha cabeça…porque ao invés da realização de muitas coisas me levar para um lugar de satisfação, contemplação e celebração…ela costuma me levar para um lugar de crise nos finais de ano. Seria porque faço aniversário em janeiro e entro no meu inferno astral? kkk
Mas o fato é que esse ano a pergunta, E daí? me veio ainda mais forte e veio a exaustão…ou talvez o burnout, uma palavra que está bem conhecida atualmente para falar dessa exaustão que é diferente do cansaço.
E daí? Será que cheguei no cume…mas como você sabe, lá no cume bate um vento… e o vento bateu! Porque há alguns anos eu fiz uma transição de carreira e fui trabalhar com meu propósito, guiado por uma orientação espiritual, mas ainda assim… esgotamento, burnout! por quê?
E quando algo não faz mais sentido, alguma coisa tem aí!
E daí trazemos as perguntas filosóficas: o que é? por quê? e, como?
Eu percebi que dentro do meu ímpeto de realizar, eu estava perdendo a minha intelecção, minha conexão com meu mundo interior. E então decidi que eu precisava de um retiro, totalmente sozinho em um lugar sem conexão… e nisso conheci o pensamento do filósofo Byung-Chul Han, sul-coreano radicado na Alemanha. Li algumas de suas obras, mas em especial aqui falo da Sociedade do Cansaço, que me trouxe muita clareza sobre esse meu processo.
Eu comecei a entender porque a crise de fim de ano sempre me pegava, por que do E daí?, Por que o realizado nunca é suficiente nem mais satisfatório que a meta estranha do “a realizar”. Estamos caçando propósito feito doidos o tempo todo!
E aqui te convido assistir minha aula aberta completa no YouTube, Sociedade do Cansaço pra entender com detalhes. Mas aqui vai um resumo do resumo.
Han analisa os três tipos de sociedade dos últimos tempos:
- Sociedade da Soberania – quando tínhamos a obediência aos Reis e ao Clero…do contrário, cabeças literalmente rolavam. Aqui podemos citar a época das crucificações, no tempo de Cristo ou os “espetáculos” de enforcamento e guilhotina da idade média.
- Sociedade da Disciplina – a obediência às instituições, o poder é de quem detém os meios de produção… e aqui é a época da indústria, do fordismo, o estranho é combatido e o cartão de ponto é a nova forma de controle.
Mas eis que chega a globalização, tão falada na década de 1990, e a internet, derrubando fronteiras. E então entramos chega a…
- Sociedade do Desempenho ou do Cansaço – na sociedade do desempenho, o diferente é incluído. Mas quanto mais eu lanço um olhar individualizado para cada pessoa, enfraqueço o coletivo, porque são muitas as causas… não temos mais grandes pautas coletivas. O que nos leva para um individualismo. E começam a surgir abismos entre as pessoas, porque cada um está focado na sua própria demanda.
Assim, perdemos a conexão com o outro, gerando uma incapacidade de cooperar. Cada um na sua própria caixinha, “tendo voz” e dizendo “yes, we can! E o risco aqui quando fico no “eu quero, eu posso, eu consigo!” é me tornar uma criança mimada que não sabe lidar com a experiência da resistência real da vida.
A sociedade do desempenho traz o outro lado da moeda,que é uma crise da saúde mental, as pessoas estão exaustas, mas são incapazes de admitir que estão exaustos por conta dessa positividade tóxica que emerge.
Podemos acessar todo conhecimento na palma da mão, mas nunca tivemos tão pouca sabedoria. Numa era onde todo mundo tem algo a dizer, perdemos a capacidade do silêncio, de aquietar, de voltar-se para o mundo interior.
E falo porque sai desse buraco recentemente. E pensei, por que estou correndo feito louco? A conta da sociedade do desempenho vai chegar! Porque se eu posso tudo e não faço, eu me sinto um fracasso!
abraço forte!
Juliano Pozati