Nesse Dia do Professor, uma reflexão sobre um clássico da geração Y, o professor Girafales, do seriado Chaves.
Eu cresci assistindo o seriado Chaves, um clássico da TV mexicana, licenciado no Brasil pelo SBT por muitos anos. A turma da vila é uma marca da minha geração (sou Y 😜 e com muito orgulho!). Os personagens criados por Roberto Gómez Bolaños eram um retrato peculiar de estereótipos típicos dos anos de 1980: o amigo com grana, o desempregado, a senhora estranha suspeita de bruxaria, o gordinho rico e o menino de rua.
Em meio ao cotidiano da turma do Chaves, recheado de pérolas e jargões, a escola também era um tema presente e o Professor Girafales, uma figura singular. Fumante inveterado de charutos cubanos, mesmo em sala de aula, Girafales era um romântico incorrigível, pegava mãe de aluno inclusive!!!😂
Com o seu clássico chapéu dos anos de 1970, o professor tinha lá os seus métodos (às vezes pouco convencionais) para educação e, apesar de ser um intelectual para os de seu convívio, constantemente tinha explosões de irritabilidade.
A tecnologia possível para Girafales era o bom e velho giz e a lousa, com testes escritos, cadeiras enfileiradas ao gosto industrial e a tradicional disciplina autoritária, sua parceira de todos os dias.
Se o Professor Girafales fosse transportado para as escolas de 2020 viveria um verdadeiro desafio.
Ele precisaria entender, por exemplo, que o Wi-Fi por fibra ótica da casa do Nhônho não pode se comparar à internet pré-paga do smartphone chinês de segunda mão do menino Chaves. Ambos podem acessar o Moodle da Escola da Vila, mas a experiência do usuário, ou UX, para cada um deles seria completamente diferente. Com suas limitações e possibilidades, ambos trazem um desafio em comum: sua curiosidade e os interesses agora são nutridos por um mundo on-line de infinitas possibilidades.
“Porque sim” e “Pois é, pois é, pois é” já não suprem as expectativas de saber e sabor que eles trazem consigo.
Chaves e Nhônho vêm para a sala de aula cheios de informação. Porém, precisam ser iniciados no conhecimento, segundo uma nova epistemologia que, mais do que o utilitarismo industrial, precisa emancipá-los como pensadores críticos, autônomos, criativos, empreendedores e colaborativos.
Isso porque dispositivos eletrônicos são produzidos em laboratórios de pesquisa e inovação, em fábricas modernas e otimizadas. Softwares e ferramentas on-line são desenvolvidos por empresas de TI dos lugares mais remotos do mundo (utilizando mão de obra on-line ainda mais remota).
Contudo, tecnologias educacionais nascem do encontro entre a singularidade de cada geração, aluno e a paixão dos educadores que se dedicam a iniciar seus pupilos na arte do saber. Educadores que perceberam que “seus alunos tem asas”, como diria Rubem Alves, e já chegam à escola sabendo voar. Mas ainda buscam sentido, cuidado e direção na mentoria de seus professores.
Eu acho que o Professor Girafales daria conta do recado!
Em especial, se a direção da escola compreendesse que a automação, os dispositivos e as tecnologias não vieram para substituir o professor, mas para oferecer suporte para que ele possa realizar plenamente os seus potenciais mais singulares.
Talvez até sobrasse algum tempo para dividir seu dia a dia no Instagram e enviar 🌹🌹🌹 para você.
Um abraço,
Sempre avanti!
Che questo è lá cosa piú importante!
Juliano Pozati
Sintonia – Todo dia às 11:11 o Juliano está ao vivo no YouTube para colaborar para que você realize seu potencial, de boa e no fluxo.
PARA ALUNOS:
Para refletir um pouco mais sobre o conhecimento na modernidade, veja: https://www.circuloescola.com/lessons/liberdade-e-cocriacao-para-o-novo-mundo/