Filosofia não é um bicho esquisito.
Ou pelo menos não deveria ser.
Direto ao ponto: minha proposta com o curso de Introdução à Filosofia do Círculo Escola é exorcizar a ideia de que a filosofia é uma disciplina inútil e sem conexão prática com a vida cotidiana.
Talvez o verbo exorcizar seja muito forte para esse contexto, mas penso que realmente somos influenciados por “certos demônios” que limitam nossa compreensão da vida, a partir de crenças, no mínimo, questionáveis.
Não quero dar um tom de teoria da conspiração, mas a real é que a Filosofia não é o que nos fizeram pensar que ela fosse: “é muito difícil de entender”; “pra que serve? Não serve pra nada!”; “não tenho tempo pra perder com essas viagens filosóficas, tenho problemas mais urgentes para resolver”; “muito lindo esses conceitos, mas na prática o mundo não funciona assim”. Eu poderia encher mais umas duas páginas com frases que ouço a todo momento, mas acho que você entendeu onde quero chegar. Certo?
Por alguma razão achamos que a filosofia não é pra gente…
…que não muda nada, que temos coisas mais urgentes para resolver. “Quem sabe quando eu me aposentar, no final da minha vida, eu possa me dedicar a isso”.
Mil teorias poderiam justificar o abismo entre nós e a filosofia, com culpados nomeados: os políticos, a elite, a igreja, os acadêmicos, os próprios filósofos (quem sabe?) O fato é: precisamos reconstruir a ponte que nos leva a esse lugar chamado conhecimento. Seja pela falta de políticas públicas, pela limitação de dogmas religiosos, seja pelo vocabulário cheio de palavras pomposas empregadas no meio acadêmico, a filosofia foi deixada de canto, enquanto a humanidade sofre cada dia mais uma verdadeira crise de saúde mental que tem feito estragos em todas as áreas da nossa vida, em um conflito interior gigante entre o sentido que eu busco dentro de mim, e a realidade que eu encontro fora de mim.
Estamos acuados, mentalmente doentes, fisicamente exaustos, mas seguimos fazendo o que sempre fizemos, repetindo todos os dias as atitudes que nos levaram para esse buraco onde nos encontramos.
Estou conjugando o verbo em primeira pessoa do plural (nós) não só para dar um senso de “tamo junto nessa bagaça”, mas sobretudo porque me incluo conscientemente neste lugar de crise de sentido, de exaustão e de busca por significado. Não quero e nem vou embarcar nesta jornada como o professor que detém todo o conhecimento a ser percorrido; como o sábio que te inspira de forma espetacular; muito menos como o expert ou a autoridade digital que tem todas as soluções rápidas de prateleira para os problemas da sua vida. Sou alguém que pisa o mesmo chão que você, que vive os mesmos dilemas, angústias e dores, e que busca todos os dias a sabedoria como a verdadeira cura das minhas feridas interiores. Por isso, eu uso o nós.
Não sou o maquinista do trem que nos levará por esta jornada. Sou só um passageiro, sentado no banco ao seu lado, apontando a beleza da vida pela janela, tocando com cuidado a sua alma a partir do que tenho em mim, na certeza de que o que você traz em você também irá me afetar da forma como nenhum outro ser humano poderia fazer, porque somos únicos naquele que é UM.
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