Meus senhores e senhoras, perlustrar as páginas do ensinamento teosófico é qualquer coisa de extraordinário, de vertiginosamente grande, é viver se o espírito para ele se achar preparado, um verdadeiro e maravilhoso poema, uma sinfonia rica de magia e de beleza, é levantar o pensamento da espessura da matéria para as claridades do espírito, é compreender, sentir, vibrar uníssono com as cordas misteriosas tangidas pelos espíritos da natureza, na sua sublime música, que entoa sempre e sempre hinos de glória – à majestade do Plano de Deus.
A Teosofia nos expõe, um Plano, segundo o qual Deus se revela na vida e na consciência, que se expressam através da multiplicidade infinita das formas, as quais desde a noite dos tempos e os dias de Pitágoras – sabemos serem regidas pelo número, como se um Grande e Poderoso Espírito matemático se achasse a plasmar na matéria. A Divina geometria, pressentida pelo gênio inconfundível de Platão.
E isso não é fantasia. A ciência dos nossos dias, caminhando para a unidade da matéria e da energia e descobrindo as leis do mundo interatômico tende a confirmar como realidade o sonho dos antigos filósofos idealistas, o ensinamento místico dado aos Iniciados dos Santuários dos Templos, segundo os quais o Universo é a revelação, ou antes, às expressão tangível das operações da Mente Divina.
Com efeito, é o grande físico inglês Jeans quem diz: “o espírito e a matéria, se não está provado serem de natureza semelhante, deverão pelo menos, ser componentes de um sistema uno. Já não há lugar para o dualismo que, desde Descartes, tem obcecado a filosofia.”
Pois bem, a esse respeito a Teosofia nos ensina, exatamente, essa comunhão de Deus com o seu Universo, sendo este a expressão viva das suas virtudes, impregnado de Mente, de vida e consciência desde as manifestações primárias dos reinos elemental e mineral até os planos em que pairam, vivem e trabalham os santos e os anjos.
A matéria deixa de ser o que de tangível, perceptível aos nossos sentidos se apresentam comumente, para, confundida com a própria emanação divina em variada gradação de concentração ou sutileza – constituir a base – o substratum – ou melhor o meio de expressão de vida e da consciência nos diferentes planos. Segundo o ensinamento teosófico, existem sete planos que se ajustam e interpenetram: físico, astral, mental, intuicional ou búdhico, espiritual ou átmico, Anupadaka ou Monádico e o Divino.
Destes, informações relativamente precisas só existem ou, pelo menos exotéricamente nos são concedidas, até o plano Búdhico ou Intuicional – Tomando a doutrina – da Santíssima Trindade – do catolicismo, ou melhor, do tríplice aspecto de Deus, comum a um sem número de religiões antigas, esclarece-lhe o sentido objetivando a ação do que, aqui, se chama 1°, 2° e 3° logos e, dessa forma, oferece uma interpretação, pelo menos mais ampla e racional, do simbolismo contido nessa doutrina.
O 1° logos – diz-se a ação divina, revelando-se na criação da matéria constituinte de cada um dos planos já referidos – melhormente talvez diremos- a virtude divina preparando o campo de ação para as atividades do 2° e 3° logos.
Com efeito, o 2° logos, operará ou melhor plasmará nessa matéria – toda a infinita variedade da forma, construindo-as desde as mais simples às mais complexas, perfeitas e superiormente adaptadas – ao próprio fluxo da vida e consciência divina.
A seguir, a ação do 3° Logos – zelando pelo aspecto consciência, difusa inicialmente nas manifestações do reino mineral e dos 3 reinos elementais (que se acham ainda abaixo do mineral – no processo de evolução) até revelar-se a consciência, individualizada no homem, constituindo a essência da criatura que, através um mundo de experiências e de provas se desenvolve e evolua para a glória e para a felicidade.
Dessa forma, é fácil perceber como a Teoria da evolução, malsinada pelos credos ortodoxos, dogmáticos, aqui encontra uma ampliação extraordinária.
É que, segundo o pensamento teosófico, não só a forma evolui, criando progressivamente outros tipos – que muitas vezes se ficam por largos períodos, como também e, mui particularmente, esse evolucionar magnético e apanágio é mesmo imperativo da própria vida e da própria consciência, que vão sucessivamente animando essas formas, da elemental, mineral e a dos homens e das entidades dos planos superiores. Nega a teologia ortodoxa a evolução da alma. Talvez tenha razão, se assim entendermos a faúlha divina – a mônada, estática em sua essência, vivendo em cada criatura, uma vez que sendo dividida não poderia se tornar mais divina, mas como negar, na apreciação das personalidades, a justiça, a necessidade ou diremos, a verdade de que revestida de forma, ela sofre as ações do meio, reage, vibra, certamente com um maravilhoso objetivo, contido no Plano de Deus? E não será, pois correto aceitar que há nisso uma finalidade, uma imposição para realizar um passo para frente – no sentido da absoluta plenitude de consciência divina – individualidade – realizando as sublimes palavras do Cristo quando diz: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito”- “Eu e o Pai somos um”?…
É que, segundo a Teosofia, vive em cada um o princípio crístico. Daí a suprema esperança de podermos um dia realizar, pela vivificação desse princípio, no desenvolvimento que a Lei de Deus nos vai impondo, essa sublime palavra de Jesus.
Com efeito, vejamos a palavra teosófica sobre a constituição do homem.
Considerando a mônada, a essência divina, por processos que ainda escapam de forma absoluta, às atuais possibilidades de investigação, diz-se que ela, revestindo-se de substância do plano átmico e búdico, imerge no plano mental, exibindo então um corpo de matéria deste plano chamado corpo causal, que ao olhar clarividente se mostra com a forma de um ovóide, mais ou menos luminoso, conforme a evolução e o progresso já realizados pelo Ego- chama-se assim, aliás, exatamente, essa expressão da mônada – no plano mental.
De acordo com a Teosofia é esse Ego que imerge por sua vez no plano astral, revestindo-se de um corpo denominado corpo astral e daí, no plano físico, tomando o corpo que todos nós ostentamos.
Simplificando, diremos então: Um Ego com seu corpo causal, tendo a seu serviço, para as suas experiências e evolução dois corpos ou veículos: o corpo astral e o corpo físico, eis o homem.
A morte será, então, a perda do corpo físico, a retração do Ego para o plano astral, Aliás para a Teosofia, ainda se morre no plano astral, voltando o Ego à plena liberdade de ação no plano mental, cujos sub planos superiores – a Teosofia identifica com o – Devachan- dos Budistas ou o Céu dos católicos. Aí, diz-se, são vividas as mais puras aspirações da alma, em relação com pensamentos filantrópicos, de bondade e devoção.
O Ser humano então, à essa luz, possui aqui como formando o que na Psicologia científica se chama Ego – apenas, como que uma verdadeira projeção do seu verdadeiro Ego – do plano mental ou causal. Como vemos, tem ele a seu serviço, não só o corpo físico, como esses corpos superiores, astral e mental, vibrando segundo as leis dos quais ele sente e pensa.
Nessa ordem de ideias, preexistindo ao nascimento, esses corpos superiores preparam e modelam-se ao corpo físico.
…
Artigo 2/6. A sequência será publicada na próxima semana.
* Parte da série de seis textos de um manuscrito sobre a Teosofia que integra o Acervo do General Uchôa, escrito pelo próprio General.
Leia a primeira parte do artigo: O que é Teosofia?
Acesse nossa editoria de conteúdo #AcervoUchôa e leia todas as matérias já produzidas sobre o trabalho no Acervo.