Após um ano de matérias sobre os mais diversos assuntos encontradas no Acervo do General Uchôa, iniciamos uma nova série de artigos, com textos integrais escritos pelo próprio General, e que integram o Acervo. São textos de pesquisas, estudos ou que ele preparou para palestras.
Começamos com uma série de seis textos de um manuscrito sobre a Teosofia, doutrina fundada por Helena Blavatsky no século XIX, da qual ele era profundo estudioso. É importante lembrar também que o General era orientado, nesta última encarnação na Terra, pelo Mestre Morya, mesmo que orientou Blavatsky.
Antes de tudo, cumpre-me justificar a escolha deste tema, uma vez que poderia parecer haver sido pelo desconhecimento dos presentes – em relação a esse assunto – Assim não o fiz, se bem que esteja certo de que apenas uma incrível minoria se interesse por esse estudo entre nós – não obstante, muitas noções de coisas que não conhecemos, andam pelo ar, no ambiente que respiramos e em que vivemos, trazidos ora pelo rádio, ora pela facilidade da imprensa, em jornais e revistas – ficam na muitas vezes, ideias vagas ou conhecimento gerais – que se não sistematizam e definem. É bem possível que seja esse o caso da Teosofia. O que será realmente? Uma religião? Uma filosofia? Uma ciência? Poderá ela pretender qualquer um desses títulos, dois ou três? Haverá substância de informações e conhecimentos sistematizados, capazes de lhe conferirem esse prestígio?
Antes de mais nada, a Teosofia é uma mensagem enviada do silêncio dos Templos de todas as idades, das eminências mais puras da espiritualidade, por aqueles que já viveram mais do que nós, mais sofreram, mais aprenderam e caminharam – através todas as dificuldades, lutas e tropeços nas jornadas da vida, vencendo, conquistando o galardão – que os Arcanos de Deus ciosamente reservam para os que souberem renunciar, purificando-se, aperfeiçoando-se e assim, realizando a Consciência Cósmica, que lhe confere a suprema dignidade de ser um mestre de sabedoria.
A Teosofia é, pois, um conhecimento, uma Sabedoria – conquistada por Irmãos maiores da nossa humanidade, encerrando uma apresentação de verdades fundamentais, que têm vindo, desde os tempos mais remotos, guardadas com carinho e desvelo, protegidas das lutas tremendas travadas entre os homens nas suas competições sociais, políticas, filosóficas ou religiosas.
No decorrer dessa nossa palestra, pretendemos mostrar, sucintamente que seja, o quanto de extraordinário e maravilhoso existe nessa mensagem – que abrange, desde o estudo da matéria cujo conceito ele amplia sobremodo, cujas formas afirma irem sucessivamente se postando às manifestações progressivas da vida, através do estudo da evolução dessa própria vida e de consciência, até às culminâncias de uma informação extraordinariamente ampla e impressionante sobre as hierarquias espirituais – que constituem o Governo Oculto do mundo.
Com a ruptura da unidade religiosa medieval, pelo advento da Reforma de Lutero, bem assim, em consequência da brilhante obra de Francis Bacon, que fez despertar no homem a preocupação de remontar às causas, depois de apreciar, relacionar e coordenar os fenômenos da natureza e também do extraordinário gênio de Descartes, abrindo ao pensamento filosófico novas vias de perquirições, novos critérios de certeza, passo a passo, deslocando-se como costumam dizer eminentes pensadores católicos, o centro do mundo de Deus para o homem, foi este celeremente, caminhando para o surto materialista do século XIX, de nada valendo o transcendentalismo de Kant, o equilíbrio científico e filosófico de A. Comte ou o idealismo de Hegel.
Até mesmo, como chocante paradoxo dessa época, vemos a culminância materialista de Karl Marx, e Engel, derivar, através de Feuerbach – da Dialética idealistica do próprio Hegel.
Então, a esse tempo foi considerado oportuno ser levado ao mundo ocidental – o conhecimento da Teosofia, constituindo ela uma réplica espiritualista, profunda, completa, a todos os postulados que fundamentavam – o materialismo –, ressaltando, particularmente, os que se compreendem na Teoria da Evolução de Darwin, apresentada em memorável obra- à altura de 1859 – E mais, o princípio “formulado por Haskell de que a ontogênese é uma recapitulação da filogênese, ou em outras palavras, que a história do feto é a recapitulação de história da raça, bem assim por outro lado, a hipótese de Laplace, segundo ele próprio o disse em resposta a Napoleão, dispensando Deus para a gênese do nosso sistema solar, tudo isso parecia consolidar o materialismo mecanicista, que, arrogante, se erguera e desenvolvera entre os homens de pensamentos.
Assim, tudo que dissesse respeito à alma e a Deus, seria, quando muito, concessão à crendice, ou antes, a um passado que jamais voltaria, ligado a certas tradições consagradas nos livros bíblicos e destinados ao desaparecimento e à morte.
Já, porém, um grande movimento espiritualista – O Espiritismo se achava em processo de acentuado desenvolvimento, à partir dos primórdios da segunda metade do século passado, quando em 1875, fundava Helena Petrovna Blavatsky em Nova York, juntamente com o Cel. Olcott – do Exército americano – a Sociedade Teosófica, que depois passaria à Índia, em Adyar, onde até hoje se mantém. E então, ao mundo ocidental foi dada a grande magistral obra – A Doutrina Secreta- escrita por Blavatsky, contendo os ensinamentos do que hoje chamamos – Teosófico.
Artigo 1/6. A sequência será publicada na próxima semana…
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Uma resposta
Uau… só meu deu mais vontade de ler os livros da Blavatke! Que trabalho lindo esse do acervo, hein? Parabéns.