Causa e efeito: muito além do ‘toma lá, dá cá’ espiritual

por Juliano Pozati

Sabe aquela história de “você colhe o que planta”? Pois bem, vamos conversar um pouco sobre isso, mas com uma pitada a mais de profundidade. Antes de mais nada, deixa eu te contar uma coisa que pode surpreender: nosso querido tio Kardec não inventou o princípio de causa e efeito. Sim, pode parecer um bafão, mas é verdade! Essa ideia já vinha rolando há milênios, nas culturas egípcia, chinesa, indiana… Resumindo, todo mundo já estava nessa vibe bem antes de o espiritismo ocidentalizar a parada.

Então, não me entenda mal: Kardec fez um trabalho incrível ao trazer isso para o ocidente, conectando com o cristianismo e tudo mais. Mas, olha só, antes dele, os círculos de magia, os alquimistas, e até as obras herméticas já falavam disso. É um dos princípios do Caibalion, por exemplo, e estava rolando lá nas escolas de Alexandria, no Renascimento.

Agora, o lance é o seguinte: quando uma filosofia como essa vira religião, ela acaba sendo simplificada. A gente sabe que isso não é exclusividade do espiritismo. O cristianismo, por exemplo, começou com uma filosofia super profunda. Tinha de tudo: gnósticos, correntes filosóficas alternativas, até que… tcharam! A religião virou algo mais institucional e o que acontece? Sim, simplificação! Criaram-se credos e rituais, e aí a coisa toda fica bem mais palatável para o povão.

E por que isso acontece? Porque quando uma filosofia quer atingir o grande público, precisa ser mais digerível. A autonomia de pensamento e a busca interna pelo divino, que são super complexas, ficam de lado. Resultado: a religião precisa ser mais “pop”. Batiza, repete a ladainha, paga o dízimo e tá garantido no céu, certo? (Ou pelo menos é isso que nos fazem acreditar).

No espiritismo, aconteceu algo similar. O princípio de causa e efeito foi simplificado de uma forma que acabou virando uma espécie de “toma lá, dá cá” espiritual. Bateu no cachorro? Vai reencarnar mancando. Fez besteira? Vai pagar na próxima vida. E por aí vai, com interpretações, no mínimo, bizarras.

Mas, calma aí. O que realmente significa esse tal de princípio de causa e efeito, segundo o hermetismo? Ele é muito mais complexo. Não é só uma causa para um efeito, mas uma rede de causalidades. Pense bem: você é o efeito de seus pais, que são o efeito de seus avós, que são o efeito dos bisavós, e por aí vai. Em três gerações ascendentes, você já tem uma árvore genealógica com 26 causas!

Um exemplo divertido: outro dia, olhei para o meu filho, o Lorenzo, e vi uma pintinha atrás da orelha dele. Fiquei preocupado, achei que era um carrapato, mas… adivinha? Era uma pinta idêntica à minha! Olha aí, herança familiar na pele – literalmente.

Então, a gente precisa entender que no mundo espiritual as coisas não funcionam como uma planilha de Excel. Não existe uma coluna com “causa” e outra com “efeito” sendo controlada por um ser espiritual com um computador e gráficos. Não é assim que a banda toca. O que existe é uma rede de causalidades que influenciam tudo, de forma muito mais ampla e complexa do que a nossa mente racional consegue captar de primeira.

Em vez de buscar respostas fáceis, que tal começar a olhar para essa rede de conexões e causalidades de forma mais consciente? Porque, no fim das contas, o que estamos tentando fazer é entender que nossa vida é muito mais do que um simples reflexo de ações passadas. Ela é uma construção constante, cheia de nuances, onde cada decisão – e até cada pintinha herdada – tem seu papel.

E aí, bora refletir sobre isso juntos?

Juliano Pozati

O tema da Causa e Efeito está na Aula 26 do Estudo Aberto: Nosso Lar segundo o Hermetismo, com Juliano Pozati, que vai ao ar todas as quartas-feiras, às 20h, no YouTube. Confira a aula completa:

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