“Estamos totalmente controlados pelo medo da escassez.”
No #ConteúdoInteligente dessa semana o convidado é Ricardo Cury, professor de meditação e autoconhecimento e fundador da ABRA – Academia Brasileira de Autoconhecimento. Para ele, o dinheiro precisa ser ressignificado na sociedade e deve ser visto como um meio e não um fim.
Acompanhe a reflexão que ele fez exclusivamente para o Círculo:
Nossa história vem sendo construída graças ao abuso de poder e ganância, por sempre querermos mais, guardar, reter, e assim o se humano abusa das pessoas e da natureza. Não foi à toa que aconteceram os desastres naturais dos últimos anos em Minas Gerais, como em Brumadinho, onde foram extraídos minérios e muitas riquezas da terra.
Nossa relação com o dinheiro, falando particularmente do Brasil, é muito distorcida. A História mostra que retiramos todo o ouro das nossas terras para pagar dividas com a Inglaterra. Tenho percebido, em minha própria vida, que o dinheiro pode ser uma fonte de destruição ou de reconstrução, regeneração e cura. Está na hora de aprendermos a usar o dinheiro a nosso serviço e não o dinheiro nos usar. Estamos totalmente controlados pelo medo da escassez. Nossa desconexão espiritual é muito profunda e o autoconhecimento é a chave para a gente se conectar espiritualmente e compreender melhor onde está a mesquinharia dentro da gente. Onde está aquele pensamento separatista de querer tudo para gente, de apego, de propriedade? Eu sempre digo que dinheiro, pai, mãe e ancestralidade são os principais pontos para se trabalhar internamente.
Esses tempos eu ouvi, em uma palestra, que existem apenas 300 onças pintadas na nossa região. Da Mata Atlântica no Brasil, só nos sobrou menos de 10% e a floresta Amazônica já foi 20% destruída.
Já parou para pensar quanto tempo o universo levou para criar tudo que estamos destruindo por dinheiro? Nossa moeda corrente tem o nome de Real, e não paramos para pensar, quando olhamos para uma nota que ali tem a imagem de um animal em extinção.
Existe um dado muito forte para mim de que nós, seres humanos, representamos apenas 0,01% do que é vivo na superfície da Terra. É muito pouco. Esse 0,01% conseguiu destruir ou alterar 80% da face da Terra.
O dinheiro é um tabu quando a gente une com espiritualidade, são muitas crenças equivocadas: que dinheiro não pode estar atrelado a um trabalho espiritual, é sujo, quem ganha dinheiro é corrupto ou ganancioso. O dinheiro deve ser visto apenas como um meio e não como um fim.
Estamos caminhando para o mesmo lugar e esse lugar é um penhasco porque sem a natureza não vivemos. A cura da relação com o dinheiro é necessária. Não temos hoje consciência de que tudo que é “Real” é eterno, é imaterial. E tudo que estamos dando valor hoje é passageiro, é fugas…essa distorção é muito profunda na nossa consciência.
A forma como nos relacionamos com o dinheiro é uma reflexão tremenda e de profunda importância para nossa transformação como seres humanos, como nação. Sinto que a questão do dinheiro pode curar o mundo. E é algo que não está recebendo atenção.
São muitas crenças equivocadas: que não pode estar atrelada ao trabalho espiritual, que quem ganha dinheiro é corrupto ou ganancioso. O dinheiro precisa ser visto como um meio e não como um sim. E essa relação vai mudar de tal forma que vamos criar um novo modelo, que eu e outras pessoa já estão aplicando, que se chama modelo inclusivo, ou seja, não tem a paranoia, a síndrome do camarote, da pulseirinha VIP. E isso não é socialismo, não tem nada a ver com “ismos”, isso é um estado de consciência. É algo que deve emergir no futuro da humanidade, mas se não colocarmos em ação agora dificilmente vamos colaborar com evolução da humanidade.
Observe como está sua relação com o dinheiro:
- Você consegue doar e receber dinheiro?
- Consegue abrir mão de certas coisas?
- É fácil desapegar ou você tem medo de perder dinheiro?
Porque ter medo de doar, receber e medo de perder dinheiro, no fundo, é medo de receber e doar amor também. De se abrir ao novo.
O amor é desconhecido para nós. Então doar, compartilhar, que é o propósito dessa nova era, começa com a transformação da nossa relação com o dinheiro.