Um pouco do que será debatido no III Congresso
do Círculo, em 3 de julho.
Robson Pinheiro é médium, escritor e terapeuta, idealizador do projeto Guardiões da Humanidade e fundador da Casa dos Espíritos Editora e da UniSpiritus, que reúne três instituições beneficentes na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Neste #PapoSolto que teve com Juliano Pozati, ele adianta um pouco do que vai trazer como palestrante do III Congresso online do Círculo, dia 3 de julho. Robson defende que a espiritualidade tem que ser vivida na prática e para isso é preciso estar inserido na sociedade como ela é. “Quando reclama de algo eu digo, tudo bem, venha fazer metade do que eu estou fazendo, e depois me ensine a regra de ouro de fazer diferente, me dê o roteiro certo”.
CIRCULO – Qual a importância do autoconhecimento no caminho espiritual?
Robson Pinheiro – Temos um tanto de máscaras sociais que utilizamos. Penso que algumas pessoas devem ter um guarda roupa delas, pega a máscara do caridoso e vai para o centro espiritualista, outra de fera, chega em casa e avança nas pessoas, pega a outra de coitadinho, e assim vai…Mas se tirar uma atrás da outra, quem é essa pessoa? É alguém perdido e infeliz. Eu acredito que antes da pessoa alçar as estrelas, questionar e aprofundar a respeito do universo, ela tem que mergulhar nela mesma, descobrir quem ela é de verdade, fazer as pazes com sociedade do jeito que ela é, porque a sociedade não vai se adaptar a sua realidade. É preciso fazer as pazes com o dinheiro, sexualidade, família, senão vive em conflito constante procurando alguma força externa que ajude. E assim perde a conexão com a realidade e não consegue dar a mão para a humanidade, no momento que a humanidade mais precisa.
Eu gosto muito de um trecho do Apocalipse, a sétima carta dirigida à comunidade cristã de Laodiceia (Apocalipse 3,14-22), que fala de quando nos colocamos acima dos demais e retrata como vivemos atualmente.
“… Pois dizes: Sou rico, faço bons negócios, de nada necessito – e não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu. 18. Aconselho-te que compres de mim ouro provado ao fogo, para ficares rico; roupas alvas para te vestires, a fim de que não apareça a vergonha de tua nudez; e um colírio para ungir os olhos, de modo que possas ver claro.”
Precisamos vencer esses percalços, todo trabalho no planeta Terra tem seus obstáculos. E, às vezes, na caminhada você desvia, e o desvio pode ser o caminho ideal, porque você tem que se adaptar às situações. Precisamos quebrar de dentro para fora as amarras e estar aberto a ouvir.
CIRCULO – No Congresso vamos falar de Cocriação Exoconsciente com seres e humanidade multidimensionais. Como exercer a exconsciência e ser um livre pensador?
Robson – Quando a gente fala em construir algo para a humanidade, em ser cocriador e parceiro dessas inteligências cósmicas que nos rodeiam, sejam elas quais forem, precisamos ser mais racionais, usar mais a inteligência. Lembro muito da história de Sísifo, rei de Corinto, que para resolver um problema criava outro maior. Está na hora de nos colocarmos como parceiros por força da evolução, de seres que estão num patamar mais consciente que nós e isso exige que nos aproximemos deles com a consciência de nosso papel na humanidade. E, às vezes, nosso papel é na célula que se chama família. Como vou ajudar o outro que está longe, para ter aplauso, e dentro da minha casa está um caos. Começar a ajuda a humanidade é começar pelo que está ao seu redor.
CIRCULO – Como acontece a relação entre material e espiritual no trabalho dos Guardiões da Humanidade ?
Robson – Eu gosto muito de uma comparação com a produção artística, que é 95% suor e 5% de inspiração. Quando eu psicografei a série Senhores da Escuridão, meu mentor disse que eu tinha que visitar casas de prostituição e penitenciárias aqui da Terra, aprender a linguagem dessas pessoas e conviver com eles. Apenas depois, ele disse que eu estava pronto para desdobrar para esses locais no umbral. Isso porque eu não estou em situação angélica, eu tenho que entrar na realidade. Não adianta querer falar a língua das estrelas alienados da realidade.
O projeto da Exoconsciência é se entranhar na sociedade e fazer a transformação. Não tem como entrar na sociedade sem dar o pão para o faminto e falar com ele na língua que ele entender. Não tem como fazer mudanças genuínas se eu fico no meu apartamento apenas fazendo vibrações para os outros.
O mundo precisa de gente que arregace as mangas. Livres pensadores não são os que falam palavras bonitas para as pessoas chorarem, são os que fazem as pessoas pensar, questionar, mesmo que seja para não concordar. Quando provocamos a mente, o conhecimento, a pessoa pode até ficar com raiva, mas isso faz com que ela vá estudar e renove os conceitos, mude suas atitudes. Livres pensadores são os que transformam a sociedade. Não existe mudança de atitudes sem mudança de conceitos e não existe mudança de conceitos na zona de conforto.
CIRCULO – E as críticas ao trabalho que é cobrado?
Robson – Precisamos viver dentro das normas legais, pagamos impostos. Sou revoltado com isso, mas não posso deixar de fazer, para que possamos ter uma vida útil na sociedade. Tenho hoje pelo menos 13 pessoas diretamente ligadas à produção do nosso trabalho aqui. Existe uma realidade por traz da tela que as pessoas não têm noção do esforço e suor empregado. Espiritualidade também é se envolver com essas questões.
É pensar na Casa do Consolador, que faz um trabalho extraordinário, mas que precisa de um aporte para manter as cestas básicas gratuitas. Tudo que é de graça alguém paga. E esses ativistas de Facebook e espiritualistas de Instagram não conseguem imaginar isso. Então. quando reclamam de algo que está sendo cobrado de quem pode pagar eu digo: venha fazer metade do que eu estou fazendo, e me ensine a regra de ouro de fazer diferente.
CIRCULO – Como pensar fora da caixa em tempos de rede social, onde bloqueio quem não concorda comigo?
Robson – Se você só ouve e vê aquilo que te agrada, como vai desenvolver o livre pensamento? Alan Kardec já dizia que para considerar algo você tem que considerar os prós e os contras. Eu gosto de ler os comentários que fazem de mim nas redes sociais, e são muitos contra, pois posso achar coisas a melhorar. Eu não dou dono da verdade, nem do trabalho que represento, e vou passar como qualquer outro.
Eu pretendo, em breve, internacionalizar a sede do Colegiado e levar para Europa. E, para isso, tenho outra pessoa muito próxima de mim, que ficará não Brasil. Não posso ficar eternamente no mesmo lugar. Mas para isso preciso conhecer o que as pessoas dizem. Porque falar é fácil, mas será que essas pessoas vão fazer o que eu faço?
Já ouvi pessoas dizendo, por exemplo, que não gostam do jeito que o Divaldo Franco fala. Mas você faz o que ele faz? Porque o jeito de falar tem a ver com a geração dele, cultura…mas o que ele faz é incontestável. Então se alguém não concorda com o que eu estou fazendo, venha e faça melhor e ensine depois, me dê o roteiro de como fazer.