Para navegar em outros mares…

Amyr Klink e o que as travessias marítimas ensinam sobre colaboração, equipe, liderança, fluxo e desapego. 

Essa semana tive um desses “acasos” da vida. E com ele alguns aprendizados. Uma bela a inspiradora palestra de Amyr Klink. Apesar de conhecê-lo de nome e história, nunca havia tido contato mais próximo com sua trajetória. Muitas lições, sacadas e conexões, em especial relacionadas ao trabalho que o Círculo desenvolve e que tenho a honra de contribuir.

“Eu tinha muito medo do mar e o interessante é que não perdi esse medo, mas aprendi a conviver com ele”.

Meu primeiro pensamento foi: oi? Como assim o cara que atravessou o atlântico sul sozinho e que ficou nove meses isolado no gelo da Antártica, também sozinho, não perdeu o medo do mar? Levei um tempo para processar o “aprendi a conviver com ele”. E está aqui a lição: tem medo, vai com medo mesmo; mas respeita, e cuidado com o excesso de autoconfiança.

Sabe quais foram as três vezes que ele quase perdeu o barco com erros bobos? Em mares calmos. Não foi em nenhuma das centenas de tempestades que enfrentou.

“Na bonança a gente fica relapso, na crise a gente começa a colocar todas as nossas competências para fora’, contou.

Antes de atravessar os oceanos ele praticou remo, esporte que lhe ensinou a força do trabalho em equipe. São oito remadores em cada barco e não são os mais fortes, nem os mais talentosos que ganham uma competição.

“O que ganha é a sincronia, a sinergia e a capacidade de fazer junto. Os oito remos tem que toca na água no mesmo milésimo de segundo”.

Amyr contou que para isso a equipe treinava três horas por dia, todos os dias do ano, e todos significam sábados, domingos, feriados, todos. Ou seja, consistência ao longo do tempo.

“Senti prazer de sair do mundo da intenção para entrar no mundo da ação”.

Foi o que ele sentiu em sua primeira travessia, depois de meses planejando minuciosamente cada detalhe da viagem. Aqui temos o conhecimento que gerou movimento e transformou toda a vida desse ser humano.

“Somos uns provedores do outros. Resultado não é a soma do esforço, mas é o produto do esforço”.

Ouso resumir da seguinte forma: cada um focando nas suas potencialidades, no que realmente é bom e faz com amor, em prol de um objetivo maior. O autodesenvolvimento que vai refletir em tudo. O Círculo é o produto de muitas mentes exoconscientes em diferentes dimensões, com objetivos ousados como impulsionar a transição planetária, mas sempre de boa e no fluxo.

E para finalizar, veio essa:

“Não vamos deixar nenhuma herança para nossas filhas, nada material, e elas sabem disso. Mas estamos deixando a nossa experiência e, melhor que isso, ensinando elas a construírem as próprias experiências”.

Ele deu exemplos concretos de que não facilita a vida delas nesse sentido. Achei isso incrível. É um desapego desafiador. Não tenho filhos, mas, de modo geral, a vontade dos pais de proporcionar melhores condições materiais para os filhos é algo muito forte na nossa sociedade. E não vejo como errado.

Mas essa consciência de que o melhor que você pode proporcionar é ensiná-lo a viver as suas experiências, deixar cair, errar, se frustrar, é admirável. É entender que somos seres únicos e que só evoluímos dando nossos próprios passos.

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