O que é Burnout e como lidar com ele?

Margarete Áquila responde

Perguntamos para Margarete Áquila, psicanalista e professora do curso Autoconhecimento e Espiritualidade, aqui no Círculo Escola, sobre a Síndrome de Burnout, uma questão de saúde mental que tem afetado muitas pessoas, em especial no ambiente profissional. Ela fala de sua experiência pessoal e clínica e da desconexão que a Síndrome gera com o Eu. Confira resposta completa da Margarete: 

O Burnout é um tema que tem ganhado muita visibilidade e embora pareça algo “na moda”, trata-se de um problema sério de saúde mental. O Brasil, conhecido como a terra do samba, do futebol, e de um povo alegre e receptivo, lidera índices globais de ansiedade, depressão e Burnout — uma contradição que evidencia o quanto estamos sobrecarregados emocionalmente.

O Burnout foi definido como diretamente relacionado ao trabalho e ele ocorre quando perdemos a noção dos nossos limites diante das exigências diárias, especialmente em um mundo tão acelerado e tecnológico como o nosso. A sociedade nos cobra respostas imediatas e disponibilidade constante, seja por mensagens, e-mails ou redes sociais, a qualquer hora do dia ou da noite. Essa falta de limites e a necessidade de corresponder às expectativas externas são combustíveis para o Burnout.

Além disso, muitas pessoas usam o trabalho como uma forma de fuga. Evitar o silêncio e a introspecção, mantendo-se ocupadas o tempo todo, também contribui para o esgotamento emocional. Mesmo quando tiram férias ou vão a lugares tranquilos, sentem a necessidade de preencher esses momentos com sons, atividades e estímulos constantes. A incapacidade de estar consigo mesmo, de apreciar a própria companhia, é outro fator importante.

Eu aprendi isso da forma mais difícil. Durante anos, ultrapassei meus limites para provar minha competência — tanto para mim mesma quanto para os outros. Trabalhava incessantemente, tentava fazer várias coisas ao mesmo tempo e ignorava os sinais do meu corpo e mente. Cheguei a um ponto em que não me reconhecia mais. Percebi que estava deixando de ser quem eu sou — uma pessoa alegre, leve e que gosta de fazer as coisas no seu próprio ritmo — para me moldar às expectativas externas. Essa desconexão comigo mesma foi o gatilho para o Burnout.

Quando o Burnout chega, ele destrói a nossa alegria de viver. Paralisa. Faz com que nos sintamos esgotados, incapazes de sair do lugar. É uma doença emocional que pode nos levar ao isolamento e até a sintomas físicos intensos, como o desejo de não se levantar da cama. E, geralmente, há um padrão de pensamento por trás disso: o “eu tenho que”. “Tenho que responder à mensagem agora.” “Tenho que terminar isso hoje.” “Tenho que fazer tudo ao mesmo tempo.” Quando o “tenho que” toma conta da sua vida, é hora de acender o alerta.

Para lidar com o Burnout, o primeiro passo é reconhecer os próprios limites e aprender a respeitá-los. É fundamental desacelerar e se permitir momentos de introspecção e silêncio, redescobrindo o prazer de estar consigo mesma. Identificar o que é realmente importante e agir de acordo com os próprios valores também é essencial. E, acima de tudo, buscar ajuda profissional. O Burnout não é algo que conseguimos resolver sozinhos; ele exige cuidado, acolhimento e, muitas vezes, mudanças profundas na forma como vivemos e trabalhamos.

Margarete Áquila
Está Psicanalista, Hipnoterapeuta, escritora, palestrante e musicista – cantora. Formada em psicanálise pelo Instituto de Trilogia Analítica e pela SBPI – Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa e Hipnose clínica, com certificação internacional da IHA – International Hypnosis Association e ACT – Acredited Certified Training Institute. Pós-graduada em Neurociências do comportamento.

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